Projeto: Atlas Toponímico de Portugal

Membros:

Prof. Dra. Patricia J. Carvalhinhos (responsável)
Ana Paula Lima Silva dos Santos Rodrigues
Adriana Tavares Lima

Início: 2008

Situação: em andamento

Descrição:

O Projeto Atlas Toponímico de Portugal (ATPor) objetiva traçar um perfil toponímico de Portugal como um todo, tanto continental como insular. Por perfil toponímico entenda-se o estudo de um local através de seus nomes: o nome de lugar, em sua característica de fóssil linguístico, é elemento primordial para o trabalho do filólogo, classicamente. Outros campos da linguística se valem do nome de lugar como objeto de estudo, como a gramática histórica, a dialetologia, a morfologia, a lexicologia – entre muitos outros.
Pelo que temos notícia não existe um Atlas toponímico de Portugal nos moldes ora propostos, tampouco temos conhecimento de um estudo toponímico sistematizado em Portugal insular (ou seja, dos arquipélagos dos Açores e Madeira). Acreditamos que o estudo dos arquipélagos propiciará, nos resultados, dados que serão relevantes para entender a toponímia colonial portuguesa estabelecida no Brasil no século XVI e que serviu de subsídios para a formação do sistema toponímico brasileiro.
Os objetos parciais serão os distritos portugueses, a saber: Aveiro, Braga, Bragança, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Faro, Guarda, Leiria, Lisboa, Portalegre, Porto, Santarém, Setúbal, Viana do Castelo, Vila Real e Viseu. Na parte insular estão as Regiões Autônomas de Madeira e Açores, ambas divididas por municípios que por sua vez estão subdivididos em freguesias. Serão, pois, dezoito distritos e duas regiões autônomas, perfazendo um total de vinte áreas parciais de estudo.
Como se pode perceber, este será um trabalho a ser desenvolvido por etapas, e a partir deste grande projeto serão gerados projetos regionais, autônomos entre si, mas que na verdade serão relacionados no produto final. Referimo-nos às já mencionadas variantes regionais que provavelmente apresentarão marcas características de cada distrito, remetendo-nos à história, à formação da língua portuguesa e à identificação de camadas dialetológicas.

Objetivos gerais:

•    Determinar, utilizando a metodologia própria dos Atlas toponímicos no Brasil, os sucessivos estratos linguísticos presentes no território e os topônimos de fronteiras das zonas linguísticas, traçando um perfil toponímico do país e oferecendo elementos para estudos contrastivos das variantes portuguesa e brasileira do português.
•    Traçar um sistema toponímico português;
•    Determinar, por meio dos referenciais que originam os topônimos (os motivos semânticos), as diversas influências ambientais ou socioculturais que, impactando sobre o denominador, acabaram convertendo-se em léxico toponímico e cristalizando-se como nome de lugar;
•    Tratar, na esfera linguística, quais processos e fenômenos morfológicos caracterizam estes nomes de lugar, o que poderá permitir-nos agrupá-los, muitas vezes, segundo sua idade de formação e origem étnica – contribuindo e trabalhando, deste modo, diretamente com elementos de dialetologia portuguesa.

Metodologia:
O método clássico da toponímia conjuga o levantamento de um recorte espacial (cartas geográficas; repertórios toponímicos) com a pesquisa documental. No caso do projeto ATPor o levantamento inicial é sincrônico, avançando diacronicamente quando da análise toponímica. Os dados são tratados do ponto de vista qualitativo e quantitativo.

Situação:
O levantamento inicial de 155.947 topônimos apenas em Portugal continental conduziu à necessidade de um recorte para resolver questões metodológicas e rever alguns conceitos, a fim de se criarem critérios absolutamente isentos para o tratamento dos dados nos projetos regionais. Tal cuidado objetiva oferecer maior credibilidade ao resultado, ao estabelecer uma metodologia única e resolver alguns problemas surgidos durante o levantamento inicial, quase todos atinentes ao elemento genérico (entidade geográfica que recebe o nome). Surge, assim, o (sub) projeto Variantes lexicais na toponímia portuguesa. A questão do genérico.

ATPor – variantes regionais: Início previsto para 2012.

1.    Distrito de Aveiro - Para a primeira fase do projeto estava previsto o levantamento e execução do Atlas Toponímico do distrito de Aveiro (constituído por dezenove concelhos, 6.660 topônimos); contudo, por questões de ordem metodológica, o estabelecimento de critérios de coleta e interpretação dos topônimos conduziu à necessidade de um novo recorte, sugerido por nossos pares (o projeto Variantes lexicais na toponímia portuguesa. A questão do genérico). Essa variante regional está, portanto, prevista para iniciar-se em 2012.